Sorocaba: Agricultores da região trocam o milho pela soja

O agrônomo e consultor Luiz Paulo Mendes, que também produz soja, milho e feijão em Campina do Monte Alegre, explica que os agricultores já negociam a venda antes da colheita. A saca de 60 quilos é cotada entre R$ 60 e R$ 65. Segundo Mendes, o lucro é reinvestido em tratores, máquinas e melhorias na propriedade. “Plantar soja está sendo um bom negócio na região”, diz o agrônomo. A evolução das técnicas agrícolas, resultado da experiência do cultivo no Brasil, tornaram o grão uma opção rentável para agricultores no interior de São Paulo, também nas regiões de Assis, Ourinhos e Barretos.
Não há diferença na qualidade da soja plantada em São Paulo com outros Estados, segundo Mendes. “Aqui ainda temos uma vantagem, que são chuvas mais frequentes”, diz Mendes. Os Estados que mais produzem no País são Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul. “A colheita ocorre entre março e junho. Agora, as plantações estão na fase de enchimento dos grãos.”
A soja entra na proporção de 25% das rações para animais, explica o agrônomo. A produção brasileira é destinada em maior parte à exportação e a China é a principal compradora. A soja embarca nos navios em grãos. “Exportando farelo e óleo teríamos maior valor agregado, mas a China prefere comprar a soja em grãos”, conforme Mendes.
A proibição da “cama de frango” a partir da disseminação de doenças, como a vaca louca, ampliou a produção de soja no mundo inteiro, “por ser um fonte de proteína vegetal limpa e sem riscos”, diz o agrônomo. Os grãos servem para alimentação humana e animal. O maior produto consumido por seres humanos é o óleo, usado tradicionalmente na cozinha pelos brasileiros. Leite e outros produtos derivados da soja, apesar de terem crescimento no consumo, ainda correspondem a uma parte pequena de toda a produção, observa Mendes.
A ração à base de soja serve principalmente à alimentação de aves e suínos, mas também para bois e peixes. O grande número de granjas de frango em municípios da região de Sorocaba facilita o transporte e com custos menores de frete. Em Itapetininga e Capão Bonito, os produtores fazem a rotação de culturas, alternando o plantio da soja com o trigo, a fim de evitar o desgaste do solo.
A principal preocupação do agricultor é a lagarta Helicoverpa armigera, que ataca a soja e outras plantações. Em dezembro, o Ministério da Agricultura e Abastecimento declarou estado de emergência fitossanitária. A lagarta era mais comum no algodão, mas causa prejuízos também nas plantações de milho e soja, se o início do ataque não for detectado a tempo. A praga é resistente e avança rapidamente, mas há defensivos no mercado que a combatem.
Itapeva
Itapeva teve a maior produção de soja na região de Sorocaba. Foram 3.055.000 sacas de 60 quilos em 2013, conforme dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), equivalente a 183.300 toneladas. Em 2012 foram 2.546.000 sacas, ou 152.760 toneladas. A safra de Itararé em 2013 foi de 812 mil sacas, de acordo com o IEA, ou 48.720 toneladas; enquanto a de Capão Bonito fechou em 225 mil sacas, ou 13.500 toneladas.
Itapetininga, que chegou a produzir 158 mil sacas de soja (9.480 toneladas) em 2010, registrou queda até 2012 devido à redução da área plantada. A recuperação começou no ano passado, com a safra de 80 mil sacas (4.800 toneladas), 15% a mais que em 2012. Segundo Luiz Mendes, nos dois últimos anos houve recuo das áreas plantadas de cana-de-açúcar no município, que reabriu espaço para a soja.
A previsão de 90 milhões de toneladas para a safra de 2014 no País pode ser superada, com a ampliação da área em 6,6%. “Esperamos chegar a 95 milhões de toneladas, colando o Brasil como o maior produtor e exportador do mundo”, disse o ministro da Agricultura, Antonio Andrade, à Agência Brasil. Ele lembrou que a prioridade é exportar carne. “Exportamos grãos porque ainda não aumentamos significativamente a exportação de carne.” Disse ainda que a exportação de carne (aves, suína e bovina) vem aumentando, como se verificou em 2013.